18 de setembro de 2013

Literatura dos porões da sociedade marca território

Publicado por Periferia em Movimento em 18/09/201
Foto: Nathália Barbosa
Por Andressa Vilela
Descontraído e informal. Esse foi o clima do evento que aconteceu na tarde de quinta-feira (29), no Centro Cultural São Paulo. Estavam presentes Alejandro Reyes, autor mexicano de “Vozes dos Porões: a literatura periférica/marginal no Brasil”, e Allan da Rosa, que escreveu “Pedagoginga, Autonomia e Mocambagem”. Ambos os títulos foram publicados pela Editora Aeroplano, dentro da Coleção Tramas Urbanas, coordenada pela professora Heloisa Buarque de Hollanda, que mediou a mesa no início do encontro.

Heloisa abriu o debate pontuando que as duas obras são estudos profundos. Sobre Vozes dos Porões, a professora afirma que se trata do livro mais completo sobre literatura marginal, no qual o autor se debruçou sobre toda a história do tema, transmitindo uma identificação profunda para os leitores.

Pedagoginga, por sua vez, questiona o fazer educativo e apresenta uma nova proposta pedagógica, que envolve autonomia dos alunos e compromisso com a cultura afro-brasileira. De acordo com o autor, “é o sonho de alimentar o movimento de educação popular nas periferias de São Paulo”.

Segundo Reyes, o nome de seu livro surgiu a partir de uma experiência que vivenciou no México, onde conheceu o coletivo O Porão dos Esquecidos, que produz uma literatura semelhante à marginal brasileira, ou seja, que não tem grande espaço para divulgação. Juntos, pensaram que a melhor maneira de nomear tal produção seria “literatura dos porões”, dos porões da sociedade.  “É um trocadilho sobre o que acontece no México e o que acontece aqui”, explica o autor.

A seguir, o foco da conversa tornou-se o preconceito linguístico que está enraizado na sociedade brasileira. Conforme os debatedores, a literatura periférica trata de questões extremamente locais, reivindicando, assim, uma linguagem muito específica, que vai de encontro ao que a comunidade acadêmica considera culto e correto. Por isso é urgente que se criem pontes para conectar os dois extremos linguísticos da sociedade: o erudito e o popular.

Para Alejandro, a produção literária marginal surge como uma dessas pontes, que deve quebrar a cegueira e a surdez de instituições conservadoras que ainda resistem em considerar o discurso periférico como válido. Segundo Allan, a produção de algo diferente do que já existe está na necessidade de marcar um território. Entretanto, ele aponta que a padronização também é um risco que a produção da periferia corre, mas que “a quebrada é de um monte de jeito e tem um monte de tema possível”.

Sobre o papel da literatura na sociedade, Reyes acredita que ela tem a capacidade de quebrar conceitos, de ir o mais profundo possível no questionamento da existência humana.  “A literatura tem uma função pedagógica no sentindo de nos fazer enxergar coisas que de outro modo não enxergaríamos”, diz o autor. Ele explica que a literatura periférica não surge com o sentido de apontar respostas, mas sim de fazer o leitor identificar-se com o que lê. Trata-se da “sanha de fazer o leitor aparecer”, que, para Allan, é uma luta diária.

O último tema abordado no encontro foi o perfil da escrita literária dos mexicanos que vivem nos Estados Unidos. Segundo Reyes, a fronteira entre os dois países não existe no imaginário e na realidade humana dos imigrantes e isso é refletido na literatura. “Tem um hibridismo com a linguagem… Já que território tem a ver com a experiência e sensibilidade humana e nada a ver com fronteiras, mesmo que existam fisicamente”, pontua. O outro lado do assunto são os traumas que os imigrantes sofrem ao tentar entrar ilegalmente no país norte americano. Ambos os autores afirmam que conheceram de perto histórias difíceis, que apenas reforçam o apego ao país de origem.

11 de setembro de 2013

Alejandro Reyes no Sarau da Brasa

ALEJANDRO REYES NO SARAU DA BRASA

Salve 

No último dia 24 de agosto recebemos em nosso terreiro, o companheiro Alejandro Reyes, para o lançamento de seu livro “Vozes dos Porões”.

Literatura periférica, estética, linguagem, zapatismo, espaços de autonomia no México, movimentos de arte e espaços de autonomia em São Paulo, foram algumas encruzilhadas que deram movimento aos nossos pensamentos.

Momento de exercício, experimentação e construção de mais um momento de respiro para nossas reflexões coletiva, dentro das periferias de São Paulo.

Agradecemos a Alejandro pela contribuição e a tod@s que deram movimento na roda.











10 de setembro de 2013

Chá de Conversa e Som - Feira de Santana

Mais um “Chá de Conversa e Som” aconteceu no Museu de Arte Contemporânea Raimundo Oliveira (Mac) e, desta vez, em edição especial. A partir das 19h de sexta-feira (6), a discussão girou em torno do tema “Cultura, resistência e movimento autônomos: Literatura Marginal-Periférica-Divergente, Zapatismo e mídia alternativa”. 

Enquanto saboreavam um gostoso chá de frutas com torradas e biscoitos, o bate-papo se deu com o mexicano Alejandro Reyes e foi mediado por Nelson Maca e pelo historiador feirense Bel Pires. Como de costume, o músico e artista-plástico Gabriel Ferreira iniciou e encerrou os trabalhos, e Elsimar Pondé interveio com falas. 

No entanto, Alejandro e Nelson, ambos professores universitários, escritores e ativistas sociais, que residem em Salvador, enfrentaram um engarrafamento de 3h, gerando um grande atraso na programação, o que fez com que algumas pessoas não esperassem e fossem embora antes de sua chegada ao Mac, situado à Rua Geminiano Costa, 255, Centro de em Feira de Santana.

Na ocasião, foi lançado o livro “Vozes dos Porões” de Alejandro Reyes. Confiram mais fotos abaixo.


“Chá de Conversa e Som” especial: “Cultura, resistência e movimento autônomos”

6 de setembro de 2013

Quando certa literatura deixa as margens

Estéticas-das-Perifierias-074
Lançamento dos livros “Vozes dos Porões” e “Pedagoginga” simboliza a concretização, valorização e o aprofundamento de obras conhecidas — ainda — por poucos, fora das periferias

Por Andressa Vilela

Em tarde de quinta-feira (29), no Centro Cultural São Paulo, descontraída e informal, Alejandro Reyes, autor mexicano, lançava sua obra “Vozes dos Porões: a literatura periférica/marginal no Brasil” ao lado de Allan da Rosa, que escreveu “Pedagoginga, Autonomia e Mocambagem”. Ambos os títulos foram publicados pela Editora Aeroplano, dentro da Coleção Tramas Urbanas, coordenada pela professora Heloisa Buarque de Hollanda, que mediou a mesa no início do encontro.

Para ela, ambas “estudos profundos”. Vozes dos Porões, segundo ela, o livro mais completo sobre literatura marginal, no qual o autor se debruçou sobre toda a história do tema, transmitindo uma identificação profunda para os leitores. Pedagoginga, por sua vez, questiona o fazer educativo e apresenta uma nova proposta pedagógica, que envolve autonomia dos alunos e compromisso com a cultura afro-brasileira. De acordo com o autor, “é o sonho de alimentar o movimento de educação popular nas periferias de São Paulo”.

Ainda que original de outro país, Reyes diz ser semelhante o que acontece lá e cá, quanto à literatura marginal. Segundo ele, o nome do livro surgiu por causa de vivência em coletivo chamado “O Porão dos Esquecidos”. Juntos, pensaram que a melhor maneira de nomear tal produção seria “literatura dos porões”, dos porões da sociedade.  “É um trocadilho sobre o que acontece no México e o que acontece aqui”, explica o autor.

As diferenças e semelhanças foram ingredientes para uma rica troca sobre a arte das letras do povo. Primeiro, o assunto foi o preconceito linguístico, enraizado na sociedade brasileira. Conforme os debatedores, a literatura periférica trata de questões extremamente locais, reivindicando, assim, uma linguagem muito específica, que vai de encontro ao que a comunidade acadêmica considera culto e correto. Por isso é urgente que se criem pontes para conectar os dois extremos linguísticos da sociedade: o erudito e o popular.

Para Alejandro, a produção literária marginal surge como uma dessas pontes, que deve quebrar a cegueira e a surdez de instituições conservadoras que ainda resistem em considerar o discurso periférico como válido. Segundo Allan, a produção de algo diferente do que já existe está na necessidade de marcar um território. Entretanto, ele aponta que a padronização também é um risco que a produção da periferia corre, mas que “a quebrada é de um monte de jeito e tem um monte de tema possível”.

Sobre o papel da literatura na sociedade, Reyes acredita que ela tem a capacidade de quebrar conceitos, de ir o mais profundo possível no questionamento da existência humana.  “A literatura tem uma função pedagógica no sentindo de nos fazer enxergar coisas que de outro modo não enxergaríamos”, diz o autor. Ele explica que a literatura periférica não surge com o sentido de apontar respostas, mas sim de fazer o leitor identificar-se com o que lê. Trata-se da “sanha de fazer o leitor aparecer”, que, para Allan, é uma luta diária.

Num caso específico da criação literária de mexicanos que vivem nos Estados Unidos, por exemplo, a fronteira entre os dois países não existe no imaginário e na realidade humana dos imigrantes e isso é refletido na literatura, conta Reyes. “Tem um hibridismo com a linguagem… Já que território tem a ver com a experiência e sensibilidade humana e nada a ver com fronteiras, mesmo que existam fisicamente”, pontua. O outro lado do assunto são os traumas que os imigrantes sofrem ao tentar entrar ilegalmente no país norte americano. Ambos os autores afirmam que conheceram de perto histórias difíceis, que apenas reforçam o apego ao país de origem.
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5 de setembro de 2013

O poeta Binho e o escritor mexicano Alejandro Reyes visitam Ferréz e o Capão Redondo

Em: Blog de Ferréz

Uma surpresa muito boa foi a chegada dos amigos, Binho e Alejandro Reyes e sua família, que vieram visitar esse escritor que voz escreve, e também de quebra conheceram nosso antiquário. Logo depois fomos para uma feijoada do Sr. Ernesto e depois conferir o grafite do Japão, que tinha feito mais um cachorro para marcar a Zona Sul. ganhei o novo livro de Alejandro Vozes dos Porões, um livro impressionante e obrigatório para quem quer entender a literatura no Brasil feita pelos sofredores.



Voltem sempre amigos, a casa é nossa.

2 de setembro de 2013

Sarau Bem Black convida a série de eventos em Salvador, Bahia, com Vozes dos Porões

Escritor mexicano Alejandro Reyes lança
o livro 
Vozes do Porão no Sarau Bem Black
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Evento acontece quarta-feira (04/08) no Sankofa African Bar e terá bate-papo, rodada poética e pocket-show com o rapper brasiliense GOG  

A literatura produzida atualmente nas periferias brasileiras  é o tema do novo livro do  escritor mexicano Alejandro Reyes,  Vozes do Porão: Literatura Periférica/Marginal no Brasil (Editora Aeroplano), que o autor lança no país. Depois de passar pelo Rio Grande do Sul e São Paulo,  Alejandro chega a Salvador esta semana para uma série de atividades realizadas em parceria com o Coletivo Blackitude – Vozes Negras da Bahia.
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O ponto de partida é o Sarau Bem Black desta quarta (04/08), evento já marcante do calendário da cidade, que acontece semanalmente no Sankofa African Bar, no Pelourinho. Apresentado por Nelson Maca, Álvaro Réu e Mil Santos, participação das poetas juvenis Lucinha Black Power e Luiza Gata e discotecagem do DJ Joe – que esta semana toca raps do GOG. O Sarau, que começa às 19h30, conta com bate-papo, que terá as participações especiais do rapper brasiliense GOG e do poeta paulista Berimba de Jesus. No final da noitada poética, GOG fará um pocket-show.

Esta é a segunda vez que o Sarau Bem Black tem o prazer de receber Alejandro  Reyes. Foi no evento que ele lançou, em 2011, seu premiado romance 
A Rainha do Cine Roma (Leya), que fala sobre meninos de rua e cuja história se passa em Salvador, onde ele morou. Da ficção para o ensaio, Alejandro estudou com atenção a agitação literária que sacode as periferias das grandes cidades brasileiras, com foco em São Paulo.
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Com uma obra também voltada para a marginalidade, ele faz uma análise literária e política deste movimento, alimentada pelas experiências do movimento zapatista e de outros movimentos latino-americanos. Fruto de uma tese de doutorado na  Universidade da Califórnia, o trabalho, explica o escritor, tem “ intenção de contribuir para pensarmos juntos — escritores, ativistas, sonhadores das perifas múltiplas do nosso mundo — como construir alternativas neste momento de crise global”..
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Na quinta (05/09), Alejandro se encontra com os estudantes da Universidade Católica, no campus da Lapa (9h) e da UFBA, no Auditório I do PAF 5 (19h);  no dia seguinte, segue para o MAC/Feira de Santana, onde é convidado do evento Chá de Conversa e Som / Cultura , Resistência e Movimentos Autônomos; e no domingo (07/09), encerra sua programação no Museu Street de Salvador – MUSAS, na Gamboa de Baixo. Em todos os encontros, o autor autografa Vozes do Porão e fala da literatura marginal, periférica e divergente e temas relacionados como zapatismo, mídia independente, autonomia artística e política.
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Autor - Alejandro Reyes nasceu na cidade do México, é escritor, jornalista e tradutor. Viveu nos Estados Unidos, na França e nove anos no Brasil, inclusive em Salvador. É mestre em Estudos Latino-Americanos e doutor em Literatura Latino-Americana pela Universidade da Califórnia em Berkeley. É ativista e membro do coletivo de mídia alternativa Rádio Zapatista. É autor de Vidas de RuaContos MexicanosSueños en tránsito: crónicas de migraciónVozes dos porões. Seu romance A Rainha do Cine Roma foi finalista do prêmio Leya (Portugal), menção honrosa no Prêmio SESC (Brasil) e ganhador do Prêmio Lipp 2012 (México/França) pela versão em espanhol. É tradutor do Manual prático do ódio, de Ferréz, entre outros livros, e editor de Metamorfosis, coletânea de escritores de Tepito e outros “bairros bravos” da cidade do México. Atualmente reside em Chiapas, México.
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Lançamentos Vozes do Porão: Literatura Periférica/Marginal no Brasil

Quarta (04/09): Sarau Bem Black - Sankofa African Bar - Pelourinho – 19h30

Bate-papo com Alejandro Reyes (México) e GOG (Brasília) e participação de  Berimba de Jesus (São Paulo). Pocket-show com GOG. Entrada gratuita. 
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Quinta (05/09): UCSal / Lapa – 9h às 12h
Mesa redonda: Literatura e Divergência: Literatura Periférica, Marginal e Divergente
Com: Alejandro Reyes, Nelson Maca, GOG e Berimba de Jesus.
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Quinta (05/09): UFBA / Auditório 1 - PAF VI – 19h
Mesa redonda: Discutindo a divergência na Literatura Brasileira
Com: Nelson Maca, Alejandro Reyes, GOG e Henrique Freitas; organização: Jorge Augusto
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Sexta- (06/09): MAC/Feira de Santana – 19h
Chá de Conversa e Som / Cultura , Resistência e Movimentos Autônomos: Literatura-Marginal-Periférica-Divergente, Zapatismo e Mídia Independente
Bate-papo com Alejandro Reyes; Mediadores: Nelson Maca e Bel Pires
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Domingo (7/09): MUSAS –Museu de Street Salvador/Gamboa de Baixo – Contorno
Hip Hop, Literatura e Autonomia Artística e Política
Com: Alejandro Reyes, Nelson Maca, GOG e Ativistas do Hip Hop-BA .Mediação: Julio Costa