
30 de julho de 2013
Vozes dos Porões: A literatura periférica/marginal do Brasil
Periferia, favela, quebrada… onde se concentra a classe trabalhadora que faz funcionarem as cidades; os excluídos, os marginalizados, as pernas e os braços ignorados de um dos países com a maior desigualdade do mundo. As perifas se estendem em espaços a perder de vista em volta das cidades, caótico emaranhado de casas barracos malocas com ruas becos vielas malcheirosas que abrigam os sonhos e a correria das crianças, na teimosia de empinar pipa, fazer traquinagens, brincar de esconde-esconde com as balas perdidas e, às vezes, segurar arma na fantasia de ser...
É nesses espaços que, desde a virada do século, vem se desenvolvendo um insólito movimento literário, combativo, rebelde, criativo: uma profusão inusitada de obras de autores oriundos das periferias urbanas, favelas e prisões, com forte vínculo a iniciativas culturais, políticas e sociais autônomas e antissistêmicas.
O escritor
e ativista mexicano Alejandro Reyes, com uma obra também voltada para a
marginalidade, faz uma análise literária e política deste movimento, alimentada
pelas experiências do movimento zapatista e de outros movimentos
latino-americanos.
Embora o livro
seja produto de um trabalho de doutorado na Universidade da Califórnia, as
inquietações que movem a obra, mais que as do intelectual, são as do ativista e
as do escritor: “A intenção é contribuir para pensarmos juntos — escritores,
ativistas, sonhadores das perifas múltiplas do nosso mundo — como construir
alternativas neste momento de crise global”.
Chegou. A obra que desfruta e
questiona nossos textos com profundidade, despreocupada em agradar. Aqui está
um doutorado em Berkeley escrito em português balançado, fluente, nítido na
ponteira, na rasteira e na gana por mudanças com sustança.
- Allan da Rosa,
Edições Toró
O
livro de Alejandro Reyes é muito bem-vindo, para que não esqueçamos que o
Brasil produz sim literatura marginal direto dos guetos.
- Ferréz, 1daSul
Vozes dos Porões sequestra-me pelo cuidado histórico e desenvoltura crítica no trato do que chamo Literaturas Divergentes. Bem-vindos, enfim, ao estudo das estéticas das poéticas das periferias. Laroye!
- Nelson Maca, Coletivo
Blackitude
O Autor
Alejandro
Reyes nasceu na cidade do México, é escritor, jornalista e tradutor. Viveu nos Estados
Unidos, na França e nove anos no Brasil. É mestre em Estudos Latino-Americanos
e doutor em Literatura Latino-Americana pela Universidade da Califórnia em
Berkeley. É ativista e membro do coletivo de mídia alternativa Rádio Zapatista.
É autor de Vidas de Rua, Contos Mexicanos, Sueños en tránsito: crónicas de migración, Vozes dos porões. Seu romance A rainha do Cine Roma foi finalista do prêmio Leya (Portugal), menção honrosa
no Prêmio SESC (Brasil) e ganhador do Prêmio Lipp 2012 (México/França) pela
versão em espanhol. É tradutor do Manual prático do ódio, de Ferréz, entre outros livros, e editor de Netamorfosis, coletânea de escritores de
Tepito e outros “bairros bravos” da cidade do México. Atualmente reside em
Chiapas, México.
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